Com o tempo, percebi que o cinema não se resume a “bom” ou “ruim”. Existe toda uma arquitetura invisível que constrói a experiência: o roteiro, a fotografia, a direção, a montagem, o design de som. Quando comecei a prestar atenção a esses detalhes, a forma de ver um filme mudou completamente.
Hoje, ao invés de apenas reagir, tento analisar. Não é só dizer que o filme é “escuro” ou “lento”: é reparar na paleta de cores, na curva dramática do protagonista, nos diálogos que sustentam a trama, nas escolhas de enquadramento. Até um simples corte pode carregar significado. Um corte seco, por exemplo, não apenas liga uma cena à outra — ele pode transmitir choque, ansiedade, urgência. É quase como se a montagem se tornasse uma narrativa paralela.
Outra coisa que me fascina é como o cinema sempre conversa com o seu tempo. Um diretor que decide filmar em 70mm, uma série de ficção científica que promete reinventar o gênero ou até o impacto da guerra dos streamings… tudo isso mostra que as obras audiovisuais não vivem isoladas: elas refletem a cultura e as transformações da sociedade.
E o mais incrível é que cada pessoa enxerga algo diferente. Você pode reparar numa atuação que me passou despercebida, enquanto eu posso destacar a fotografia que talvez não tenha te chamado atenção. É nessa troca de olhares que o cinema fica ainda mais rico.
No fim das contas, percebi que o cinema não é só diversão para ocupar o tempo. Ele é arte, memória, cultura. E quanto mais a gente aprende a observar, mais ele consegue nos tocar.
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